segunda-feira, 31 de janeiro de 2005

Estes dias...

Está feito! O rapaz da Telepac/PT esteve cá umas horas, abriu caixas, experimentou modems, computadores, pediu medições de débitos e concluiu que o problema estava no spliter. Subistitui-o por outro, experimentámos as ligações e parece, por agora, que o problema está resolvido.

Gostava, porque tenho a consciência que existem pessoas que por aqui passam e acabam por ler o que escrevo. Gostava, dizia-a eu, por respeito a essas pessoas, de voltar com épisódios alegres e solarengos. Mas nunca enfeitei realidades, e estes dias não foram doces. Foram confusos, doridos, longos... Deixaram-me um bocadinho sem referências.

Depois daquele telefonema que me deixou animada para, finalmente, acabar de uma vez a tese, o rumo dos ventos mudou.
No dia seguinte discuti com o meu pai, depois descobri que ele tinha telefonando a uma das minhas melhores amigas a dizer que me achava triste nos últimos dias e que, não sabendo o que fazer lhe pedia uma ajuda. Concluiram que a causa para essa dita tristeza era, como não podia deixar de ser, o A.
Combinaram falar com outra. A mesma conclusão. Todos de acordo: eu andava profundamente deprimida - mas não sabia - e a culpa de tudo era do A. E também do facto de eu me recusar a esquecer o bebé.
Que fique claro que não duvido da boa intenção destas minhas amigas, que sei que são daquelas que fazem qualquer coisa para me defender, que estão comigo para o bem e para o mal, que são muito especiais, que gosto muitissimo delas e que lhes estou muito, muito agradecida. Mas há coisas que me atormentam.

Primeiro: eu não estava deprimida, andava cansada e um bocado preocupada com questões de trabalho, exclusivamente.
Segundo: custou-me muito que tivessem, mesmo reconhecendo que não podiam ter melhor intenção, que andado a falar de mim por trás das minhas costas, a combinar coisas, a falar sobre a minha vida, a fazer planos para mim, sem me tirem dito nada. Eu não sou parte interessada, ou sou incapaz de decidir da minha vida?
Terceiro: o A. não é culpado de tudo. É culpado de muitas coisas, fez coisas horrorosas, fez-me muito infeliz, mas não agora. Agora estava muito bem arrumado como uma recordação, só! E, mesmo que não o queira sequer ver, e que lhe tenha raiva (acho eu), deu-me também muitos momentos bons, muitas coisas, o meu filho...
Quarto: o meu filho existiu. Ainda existe nalgum sitio. Um dia hei-de voltar a encontrá-lo. Foi real, existiu, cresceu dentro de mim durante meses, conhecia-lhe já os habitos, o que o assustava, o que o acalmava... Fez-me companhia em momentos bons e maus. Foi e é o centro da minha vida. Existiu! Não o esqueço, nem quero!!!

Apetecia-me gritar! NÃO ESQUEÇO! NÃO POSSO! NÃO QUERO!
Porquê? Porquê que insistem para que o esqueça, que siga como se não tivesse sido nada?! Porquê?! As minhas melhores amigas, os meus pais?! E também não é assunto para impor ao V!

Custou-me voltar a estes assuntos. Voltar a lembrar o A.
Querem tanto tirá-lo da minha vida e não param de falar dele, e de atribuir-lhe a motivação de todas as minhas reacções.
Eu tinha conseguido arrumar recordações, gerir sentimentos e prioridades e seguir em frente.
E o meu filho...! Porquê que não compreendem? E se não compreendem porquê que me querem forçar a esquecer? Como se fosse possível...
Já fiquei sem ele! Não tentem também tirar-me a recordação dele!
Por agora é o meu único filho, a coisa mais importante da minha vida, esteja onde estiver! Se um dia tiver a felicidade de ter outros, este será sempre o meu primeiro! E isso nunca ninguém me vai tirar!

8 comentários:

Tia Moky disse...

Olá, Margarida!

Às vezes quem esta mais perto tem as "armas" que nos fazem sofrer, mas tenho a certeza que não será por mal, antes pelo contrário!!
Espero que percebam que tu estás noutra fase, que ultrapassaste algumas barreiras (que para eles não são visíveis). Só tu é que podes demonstrar que ultrapassaste!! Lamento que tenha acontecido esse episódio, pois foi um passo para trás, mas vai tudo a correr bem!!!
Beijos Tia Moky

Anónimo disse...

Margarida, concordo com a Moky... as pessoas às vezes querem o nosso melhor, mas estragam tudo! tenta relevar e continua a dar passos em frente!
abraços amigos
Sofia( Coimbra)

Márcia Pinho disse...

Olá Margarida,
parece que tambem nõ estás a passar uma fase fácil da tua vida....
Gostei que tivesses comentado o meu blog, obrigado pela tua ajuda.
Tambem estamos aqui para te apoiar nestes momentos dificeis. Aqui sabes que tudo aquilo que escreveres será lido por pessoas que de qualquer forma te entendem, ajudam e nunca te irão julgar!

Beijinhos grandes e coragem !!!!!
Tenta perdoa-los.

Mae-babada-cosmetica.blogs.sapo.pt disse...

Olá Margarida

Vivemos rodeados de amigos e de familiares. Uns bons outros menos bons, mas acredita que todos querem o teu bem, e o facto de falarem por trás das tuas costas mostra realmente que se preocupam contigo e não minimizam a tua presente forma de estar. Tenta compreendê-los, de certeza que se tivesses uma amiga a passar por uma situação idêntica tentarias fazer tudo por tudo para vê-la mais feliz, ou não?

FMS disse...

No que toca à diatribe "esquecer/não esquecer", os meus dois cêntimos mandam dizer que ao não esquecer, teremos a hipótese de ultrapassar, absorver, endurecer, conhecermo-nos melhor. Portanto, é melhor enfrentar e carregar o passado bem arrumadinho por forma a que não venha reemergir mais tarde mal resolvido. Beijitos Margarida e muita força.

alma disse...

Querida Margarida!
Grita, põe cá para fora tudo o que ainda tens aí dentro a queimar o teu coração, e não deixes que ninguém te diga o que deves ou não pensar, sentir, viver!
FORÇA amiguinha, com essa tua luta que não é nada fácil mas que às vezes ainda se torna mais difícil com tanta gente a querer dizer e fazer o que acha que é o melhor para nós!!
FORÇA amiguinha, porque apesar de às vezes estar a chover, o sol está sempre lá.... a brilhar!!!!!!!!
BEIJINHOS GRANDES
ps- a dança é mesmo a minha grande paixão, apesar de apenas a ter descoberto há pouco tempo sinto-a como se tivesse sempre feito parte de mim!

Ana disse...

Pois é Margarida... que posso eu dizer... tenho a certeza que eles nao fizeram por mal... mas as pessoas quando nao estao na nossa pele nao sabem como nos sentimos... tenhos acerteza que com as melhores das intecoes já devo ter feito o mesmo aos meus amigos, só querendo ajudar... acho que o melhor é mesmo lidares com isso á tua maneira e talvez teres uma conversa com as tuas amigas sobre o que estás a sentir...
Jokas gordas
Ana

Anónimo disse...

Olá Margarida!
Não leves a mal quem te quer tão bem. Não é por mal que falam de ti e que procuram meios para te animar, é simplesmente porque que te querem muito. Mas nem sempre é fácil e ninguém tem resposta para tudo. Não acredites que gostariam que esquecesses o teu filho, não é isso com certeza que querem dizer. Como eles próprios não se esquecem e sabem que o teu sofrimento foi/é/será sempre tão grande acham que é a tua única fonte de tristeza e és tu quem tem de lhes mostrar que existem mais coisas na vida, umas que nos entristecem/cansam e outras que nos alegram e dão alento aos nossos dias. Força! Um beijinho, Maria Helena
http://omeufilhoeeu.blogspot.com